Sobre Amamentação
Sou uma grande incentivadora do aleitamento materno. É o alimento ideal para o bebê. Nada de novidade até aqui.
Até ser mãe, tive taxas incrivelmente baixas de baby blues e depressão pós parto no consultório. Não por ser uma médica incrível. Mas por não perguntar mesmo.
A minha visão era focada totalmente no bem estar da criança. O bebê estava bem? Então meu trabalho estava bem feito. O bebê não estava indo bem? Dá-lhe tarefas para a mãe resolver e deixar o bebê bem.
O que eu aprendi depois de passar por duas experiências horrorosas de amamentação, é que o bebê precisa de muito mais do que leite materno exclusivo. Ele precisa de ser globalmente cuidado e alimentado, mas o que de fato é imprescindível, é ter uma mãe feliz, que vai supri-lo de todo o afeto imprescindível para a seu crescimento emocional saudável.
Olho para trás, e vejo como a amamentação, no meu caso, foi mais ruim do que boa. Eu fiquei realmente péssima. Tive todo o suporte possível e imaginável. Mas a pressão interna e externa nos impede de dar um basta.
Desmamar um bebê parece um crime federal, cuja pena é o julgamento perverso de uma sociedade que insiste em penalizar as mães para carregarem AINDA mais culpa do que têm dentro de si.
Algumas vezes a amamentação não dá certo. E o que muitas mães que passam pelo desmame precoce nunca chegam a entender, é que amor se constrói de outras formas, de outros jeitos, com outros toques e outros olhares.
Pensem o impacto que uma experiência ruim com amamentação pode ter? Eu criei o Como assim, leda? por causa dos meus traumas. E a cada novo post que eu faço, mais e mais mães se identificam com a falta de acolhimento que insiste em acontecer.
Seja você um instrumento de mudança, começando por parar de perguntar se o bebê de alguém está mamando direitinho. Você não sabe o que a família está passando. Evolua oferendo ajuda com algo que você possa contribuir. Ajuda, não conselho. Se você acha que não pode contribuir em nada, fique calada. Mande uma flor, um bolo. Se coloque disponível para conversar.
A mudança de comportamento de um grupo começa com mudanças individuais.
Mães que não conseguiram amamentar não são a escória da maternidade. São mães que precisam do triplo de acolhimento e de empatia. São mães que precisam lidar com a informação de que não deram o melhor que o filho merecia. São tão mães quanto qualquer outra mãe que chegou lá, no tão sonhado aleitamento materno exclusivo.
Empatia, sororidade e acolhimento.
São as únicas três palavras que qualquer mãe que não conseguiu amamentar precisa.
A foto foi tirada após quarenta minutos de tentativas mal sucedidas de colocar Olívia para mamar. O início de uma jornada que acabou me trazendo até o Leda. Sem arrependimentos. Mas realmente sonho que outras mães tenham experiências mais leves do que foi a minha.
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